domingo, 4 de dezembro de 2011

Carta de uma ex-suicida

Postado por Bruna Cristine às 16:13
Tirou da primeira gaveta do criado mudo as folhas guardadas, folheou e olhou de relance todos seus rascunhos, podia até sentir sua respiração pesada quando passava por alguma delas. Tomou para si um lápis e começou rabiscar, suas palavras não pareciam tão clichês, havia linhas tortas e suspiros por toda ela. A seguir palavras dela:
Nunca soube me desviar da dor de forma correta, ultimamente fazer isso tem se tornado uma longa jornada. Em meu passado não tão distante, usava de um instrumento prateado e afiado para transparecer as cicatrizes que haviam por dentro, enquanto as palavras ácidas caíam sobre mim, eu me dilacerava por fora. Aos poucos a dor se fez parte do cotidiano, continuei a caminhando para a beira d’loucura, me afundei em mágoas e sentimentos depreciativos. Não me recordo de quem fez tal ato heroíco ao me salvar de mim mesma, mas agradeço por mais que eu esteja me afundando novamente. A dor voltou a se acomodar novamente e seu incomodo parece ter se duplicado, voltei a usar ferramentas afiadas para afasta-lá, porém só as sinto mais vivas dentro de mim. Quisera eu parar com todo esse meu desespero, mas se tornou um ciclo vicioso que não tenho a miníma idéia de onde vai parar. Não é como se eu quisesse impor a mim mesma; parei ou; nunca mais vai haver feridas expostas - simplismente não se consegue tão fácil. Ao som da banda Queen, me despeço cantando o meu refrão agora tão querido: Save me, save me, save me i can’t face this life alone. Save me, save me, save me i’m naked and i’m far from home. Each night I cry…’Dobrou então a folha e a guardou com um pesar grande, sua respiração era pesada e as lágrimas que a acompanhavam cortavam o coração. Deitou-se sobre a cama, fechou o olhos e adormeceu para esquecer de tudo por apenas algumas horas.

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