Tirou da primeira gaveta do criado mudo as folhas guardadas, folheou e
olhou de relance todos seus rascunhos, podia até sentir sua respiração
pesada quando passava por alguma delas. Tomou para si um lápis e começou
rabiscar, suas palavras não pareciam tão clichês, havia linhas tortas e
suspiros por toda ela. A seguir palavras dela:
Nunca
soube me desviar da dor de forma correta, ultimamente fazer isso tem se
tornado uma longa jornada. Em meu passado não tão distante, usava de um
instrumento prateado e afiado para transparecer as cicatrizes que
haviam por dentro, enquanto as palavras ácidas caíam sobre mim, eu me
dilacerava por fora. Aos poucos a dor se fez parte do cotidiano,
continuei a caminhando para a beira d’loucura, me afundei em mágoas e
sentimentos depreciativos. Não me recordo de quem fez tal ato heroíco ao
me salvar de mim mesma, mas agradeço por mais que eu esteja me
afundando novamente. A dor voltou a se acomodar novamente e seu incomodo
parece ter se duplicado, voltei a usar ferramentas afiadas para
afasta-lá, porém só as sinto mais vivas dentro de mim. Quisera eu parar
com todo esse meu desespero, mas se tornou um ciclo vicioso que não
tenho a miníma idéia de onde vai parar. Não é como se eu quisesse impor a
mim mesma; parei ou; nunca mais vai haver feridas expostas -
simplismente não se consegue tão fácil. Ao som da banda Queen, me
despeço cantando o meu refrão agora tão querido: ‘Save
me, save me, save me i can’t face this life alone. Save me, save me,
save me i’m naked and i’m far from home. Each night I cry…’Dobrou
então a folha e a guardou com um pesar grande, sua respiração era
pesada e as lágrimas que a acompanhavam cortavam o coração. Deitou-se
sobre a cama, fechou o olhos e adormeceu para esquecer de tudo por
apenas algumas horas.
domingo, 4 de dezembro de 2011
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