Tirou da primeira gaveta do criado mudo as folhas guardadas, folheou e
olhou de relance todos seus rascunhos, podia até sentir sua respiração
pesada quando passava por alguma delas. Tomou para si um lápis e começou
rabiscar, suas palavras não pareciam tão clichês, havia linhas tortas e
suspiros por toda ela. A seguir palavras dela:
Nunca
soube me desviar da dor de forma correta, ultimamente fazer isso tem se
tornado uma longa jornada. Em meu passado não tão distante, usava de um
instrumento prateado e afiado para transparecer as cicatrizes que
haviam por dentro, enquanto as palavras ácidas caíam sobre mim, eu me
dilacerava por fora. Aos poucos a dor se fez parte do cotidiano,
continuei a caminhando para a beira d’loucura, me afundei em mágoas e
sentimentos depreciativos. Não me recordo de quem fez tal ato heroíco ao
me salvar de mim mesma, mas agradeço por mais que eu esteja me
afundando novamente. A dor voltou a se acomodar novamente e seu incomodo
parece ter se duplicado, voltei a usar ferramentas afiadas para
afasta-lá, porém só as sinto mais vivas dentro de mim. Quisera eu parar
com todo esse meu desespero, mas se tornou um ciclo vicioso que não
tenho a miníma idéia de onde vai parar. Não é como se eu quisesse impor a
mim mesma; parei ou; nunca mais vai haver feridas expostas -
simplismente não se consegue tão fácil. Ao som da banda Queen, me
despeço cantando o meu refrão agora tão querido: ‘Save
me, save me, save me i can’t face this life alone. Save me, save me,
save me i’m naked and i’m far from home. Each night I cry…’Dobrou
então a folha e a guardou com um pesar grande, sua respiração era
pesada e as lágrimas que a acompanhavam cortavam o coração. Deitou-se
sobre a cama, fechou o olhos e adormeceu para esquecer de tudo por
apenas algumas horas.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Um silêncio de distância
Queria dizer a ele - ela repetiu em praticamente em todos seus
pensamentos. Na verdade, ela engolia todas as palavras, já digo de
passagem que palavras doces ela escondia, havia tanto amor. Mas escondia
seus sentimentos como criança se esconde debaixo do cobertar pro bicho
papão não pegar. Havia medo e insegurança, sabemos que no amor o
inesperado acontece, mas quão doce são belas surpresas, não acha?
Queria mostrar a ela - disse o garoto que só presenciava o amor, nunca o havia sentido. Pura tolice, pois o amor deveria ser algo natural, leve, deveria saber por si só que atitude era o que lhe faltava, que arriscar era essencial. Mal sabia que seu o amor lhe esperava, queria apenas uma palavra, talvez uma frase, ou nada. Era somente um gesto e ela seria sua pra sempre. Talvez o medo fosse algo contagiante sobre os que amam, mas diante de tais dúvidas entre ambos, só havia uma única certeza, o silêncio era o que os separava.
Queria mostrar a ela - disse o garoto que só presenciava o amor, nunca o havia sentido. Pura tolice, pois o amor deveria ser algo natural, leve, deveria saber por si só que atitude era o que lhe faltava, que arriscar era essencial. Mal sabia que seu o amor lhe esperava, queria apenas uma palavra, talvez uma frase, ou nada. Era somente um gesto e ela seria sua pra sempre. Talvez o medo fosse algo contagiante sobre os que amam, mas diante de tais dúvidas entre ambos, só havia uma única certeza, o silêncio era o que os separava.
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